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CBD, o canabidiol, é uma das 400 substâncias presentes na Cannabis. Mas ela não é “só mais uma”.

O canabidiol tem inúmeras propriedades medicinais, e está tão popular nos Estados Unidos que é facilmente encontrado em todo tipo de produto.

Tanto é assim que espera-se que o faturamento dessa indústria seja de US$ 5,7 bilhões (R$ 20 bilhões) em 2019 e US$ 22 bilhões (R$ 80 bilhões) até 2022.

Ao contrário do que muitos acreditam, ele não possui efeito psicoativo e seus benefícios vão desde o relaxamento até o uso em doenças crônicas.

Saiba mais sobre essa substância tão utilizada, como é seu funcionamento e os principais benefícios comprovados pela ciência a seguir!

O que é o CBD, seu funcionamento e para que serve

CBD é a sigla de canabidiol, uma molécula derivada da planta de Cannabis a qual não apresenta efeito psicoativo.

O funcionamento em detalhes do CBD no corpo humano ainda está em fase inicial de pesquisa, mas aqui vamos esclarecer os principais pontos.

Cannabidiol

Foto: Medical News Today

O nosso organismo tem um sistema chamado canabinóide, o qual recebe o nome da Cannabis pois foi ela que levou à sua descoberta.

Nosso corpo também produz canabinóides, os chamados canabinóides endógenos. Eles se ligam ao sistema canabinóide, composto pelos receptores CB1 e CB2.

Para você entender melhor, esses receptores nada mais são que moléculas em que é possível haver uma ligação com canabinóides, sejam eles endógenos, provindos da Cannabis ou sintéticos.

Os receptores CB1 são encontrados no sistema nervoso, enquanto que os receptores CB2 ficam, em sua maioria, no sistema imunológico.

Após os receptores se ligarem aos canabinóides vários efeitos fisiológicos ocorrem.

O tetrahidrocanabinol (THC), outro canabinóide presente na Cannabis, atua se ligando nesses receptores. Os cientistas imaginavam que o CBD poderia agir de forma parecida, mas não é o que sugerem as pesquisas mais recentes.

Estudos realizados até o momento sugerem que, ao invés de se ligar aos receptores CB1 no sistema endocanabinóide humano, o CBD age de maneira diferente, aumentando ou melhorando a produção de nossos próprios endocanabinóides.

Isso ocorre porque há evidências que o CBD inibe a produção de uma enzima em nosso corpo que regula e destrói nossos próprios endocanabinóides em excesso.

Com isso, Isso há maior quantidade de nossos próprios canabinóides circulando no organismo, o que afeta nosso estado físico.

As pesquisas também indicam que o CBD pode alterar os efeitos de outras substâncias químicas naturais presentes no ser humano.

CBD e THC: suas diferenças e como agem juntos no corpo

Como já comentamos, uma das principais diferenças é que, ao contrário da molécula de maconha mais conhecida, o delta-9-tetrahydrocannabinol, ou THC, o CBD não é psicoativo.

Além disso, alguns estudos mostram que o CBD, em combinação com o THC, parece reduzir alguns dos efeitos psicoativos deste último.

Portanto, a seleção de um produto com níveis semelhantes de CBD e THC pode ajudar a conter os efeitos avassaladores ou indesejados (como ansiedade ou paranóia) que estão frequentemente associados ao consumo de quantidades elevadas de THC.

Quais são os benefícios do CBD?

O sistema canabinóide é um dos mais importantes para a manutenção da saúde humana, por isso, os benefícios que se encontram pelo uso de CBD são muitos.

É importante lembrar, que além de possibilitar a maior circulação de canabinóides endógenos, o CBD atua na serotonina, que modula o humor e o estresse, além da adenosina, que afeta nosso ciclo de sono-vigília; e a vanilóide, que contribui para a modulação da dor.

Isso explica a melhora nos problemas listados a seguir pelo seu uso:

  • Epilepsia e distúrbios convulsivos
  • Dor e inflamação
  • Ansiedade
  • Doença de Crohn
  • Síndrome de Dravet
  • Esclerose múltipla
  • Vício em opiáceos

Para um melhor entendimento do CBD como remédio visite este artigo falando tudo sobre o canabidiol medicinal.

A imagem a seguir também mostra alguns outros males que o CBD pode ajudar a tratar:

Benefícios do cannabidiol

Conceito e diagrama por Paul Sahre, ilustração por Jamie Chung e Anna Surbatovich.
(Fonte: NY Times)

CBD no tratamento de doenças crônicas

Precisamos ressaltar a imensa importância do CBD na Síndrome de Dravet e outras síndromes que envolvem epilepsia, além do autismo.

Medicamentos e tratamentos convencionais são notoriamente falhos para essas doenças. Os pacientes podem sofrer centenas de convulsões por dia, que pioram à medida que envelhecem e podem ser fatais.

Uma revisão publicada em 2017 na revista Frontiers in Pharmacology descreveu como o CBD pode trabalhar para proteger o hipocampo – a parte do cérebro responsável por várias funções importantes, como aprendizado, memória e outros.

Também é sugerido que ele ajudar a prevenir destruição de células cerebrais que resulta da esquizofrenia.

Outra revisão de 2017 publicada na revista Annals of Palliative Medicine resumiu um punhado de estudos que sugerem que os óleos de cannabis contendo THC ou CBD, ou ambos, podem ajudar no controle da dor crônica, mas o mecanismo não é claro.

A importância do CBD é tanta que até mesmo a burocrática justiça brasileira libera excepcionalmente o plantio de maconha com o objetivo de extrair o óleo de CBD para o tratamento dessas síndromes em crianças. Você pode ver um desses casos nesta reportagem ou nesta aqui.

Você pode ver mais sobre o uso de CBD medicinal e seu estado de legalidade no Brasil neste artigo.

Entenda a quantidade de CBD em cada Cannabis

O conteúdo de CBD em um produto Cannabis, também conhecido como potência, é expresso como uma porcentagem de miligramas do canabidiol por grama de cannabis.

Por exemplo, 12% de CBD significa que contém 120 miligramas de CBD por grama de cannabis.

É importante saber que, como produto natural, o conteúdo de CBD em um produto de cannabis pode variar de produto para produto e/ou de lote para lote.

Temos 3 tipos principais de Cannabis quanto ao CBD:

  • Alto teor de THC, baixo CBD (por exemplo, 10-30% de THC, vestígios de CBD)
  • CBD / THC equilibrado (por exemplo, 5-15% de THC e CBD)
  • Alto CBD, baixo THC (por exemplo, 5-20% CBD, THC menos de 5%)

As variedades de alto CBD tendem a produzir efeitos funcionais muito claros, sem a alta euforia (efeito psicoativo) daquelas com alto teor de THC.

Elas são normalmente preferidas pelos consumidores que são extremamente sensíveis aos efeitos colaterais do THC (por exemplo, ansiedade, paranóia, tontura).

Além disso, as variedades com alto CBD são ótimas opções para quem usa a Cannabis com fins medicinais, como já comentamos de seus benefícios para o corpo humano.

As variedades ou produtos equilibrados de CBD/THC causam menor euforia do que aquelas com alto teor de CBD, embora sejam muito menos propensas a causar ansiedade, paranóia e outros efeitos colaterais negativos.

No entanto, lembre-se que os efeitos fisiológicos dos canabinóides podem variar muito de pessoa para pessoa e também dependem de como são consumidos.

Segundo pesquisadores, duas pessoas podem comer um brownie feito com óleo de cannabis, por exemplo, e um pode absorver grandes quantidades de canabinóides e o outro não.

Além disso, em quanto tempo as substâncias funcionam e qual é a sua permanência no sistema é muito diferente de pessoa para pessoa.

Entenda mais sobre os óleos CBD

A falta de previsibilidade e de conhecimento acerca do funcionamento do CBD é uma das razões pelas quais o óleo de cannabis é um candidato desafiador para se tornar um remédio.

Mesmo assim, os óleos já têm sido muito utilizados em todo o mundo com resultados incríveis de melhora nos pacientes.

No Brasil, a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (ABRACE) tem produção de óleo enriquecido de canabinóides (Óleo Esperança) e ainda conta com convênio com o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) para pesquisar e analisar essa produção.

A entidade apoia e colabora com famílias que precisam da maconha medicinal, possuindo assessoria jurídica para os associados. Em 2017 recebeu autorização definitiva para o cultivo de Cannabis para fins medicinais.

Cannabidiol no Brasil

(Fonte: ABRACE em Portal Correio)

Os óleos CBD podem ser produzidos de diversas maneiras e provindos de diversas espécies de Cannabis, como cânhamo, por exemplo.

De maneira geral, na maioria das espécies de Cannabis colhe-se a flor da planta fêmea, adicionando álcool de cereais em um vidro âmbar, evitando a degradação das substâncias.

Com isso, o CBD é extraído das flores da planta. Você pode ver mais sobre a extração no vídeo abaixo:

Infelizmente, apesar dos benefícios já verificados pelo uso do CBD, ainda há muito preconceito. Sobre isso, o médico Claynton Aragão afirma:

“A única forma de combater o preconceito é a informação. É impossível acompanhar e observar a melhora importante na qualidade de vida dos pacientes e não se questionar sobre o quanto a sociedade perde com a política atual sobre derivados da cannabis. Ver a vida voltando a um paciente desenganado é incrível.”

O futuro do CBD e suas propriedades

É importante saber que a pesquisa nesta área está no início. Em parte porque nós não entendemos muito sobre CBD até há relativamente pouco tempo.

Especialmente devido a classificação da Cannabis como droga ilícita, não é fácil para os pesquisadores do mundo todo realizarem suas pesquisas.

Em geral, Isso não quer dizer que eles não podem realizar as pesquisas, mas há obstáculos que precisam superar e que podem impedir os pesquisadores de entrar neste tema.

Relativamente falando, é um pequeno grupo de pessoas no mundo que faz pesquisas sobre canabinóides em humanos.

No entanto, os estudos sobre a maconha está em ascensão, os quais podem revelar mais condições em que o CBD, e a Cannabis em geral, pode ser útil.

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